quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Antes de tudo é preciso ter a consciência do seguinte: Não devo me perder por uma outra pessoa, nem vê-la perder-se em mim. Conhecemos sempre alguns momentos de comunhão em reencontros e mesmo nos desencontros na certeza da volta aos corações. Fazer companhia pelas estradas da vida permanecendo atentos um ao outro, com posturas mútuas de ternura, afeto, carinho e calor humano. Compartilhar coisas boas e coisas ruins, posto que estes momentos vão compor a grande arquitetura da “reengenharia consciencial” de cada ser humano. A busca inquieta por um amor que se limita unicamente a curar nossa projeção de medo e culpa, de nossa solidão assaz, condena-nos a ficarmos sós. Não espero de ninguém que me dê vida e alegria, paz e quietude. A forma fora de nós mesmos, no Outro, na “Outridade” não precisa e não deve ser a motivação de nossa paz interior, de nossa alegria. Vivo para encontrar e reencontrar outro ser vivo. Cada um em seus vetores e construtos, em seus caminhos eleitos para uma vida inteira à frente. Que o “estar só” seja apenas a definição de ser único. Ser único a ser o que é. Reconheço-me na minha inteireza e completude antes de poder me tornar dois, antes de poder me abrir por inteiro ao Outro, na “Outridade”, de me unir com ele. Posso ser único para o Outro, mas antes preciso reconhecer minha própria unidade, minha esfericidade em mim próprio. E cada pessoa tem algo que lhe é inerente, único, que pode ser ofertado ao Outro como sendo uma dádiva, posto que somente cada um de nós pode oferecer o que de melhor temos, ou seja, NÓS PRÓPRIOS EM NOSSA UNICIDADE, EM NOSSA COMPLETA ESFERICIDADE.


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prática Hesicasta... Meditações

Em minhas orações Hesicastas diárias renovo minha ligação, meu relacionamento com o Desconhecido que me faz existir como sujeito, como ser no Outro, como liberdade. Minhas questões mais íntimas de vida são equilibradas e equacionadas na contemplação de minhas limitações e potencialidades. Busco aquilo que me fundamenta e me faz sentir mais humano.

Não estamos nesse mundo por acaso ou por necessidade. Estamos nessa existência porque somos amados, neste chamamento de liberdade que nos foi dado para ir viver com os outros seres. É certo que, para conservar nossa existência, devemos apenas ensinar amor, pois na contramão desse sentimento estaríamos nos diluindo mutuamente. A resposta, portanto, à nossa existência é uma só: AMOR.

QUESTÃO: Como é possível declarar-se SER HUMANO, rejeitar a esfericidade com o próximo, e mesmo assim buscar avidamente paz e alegria ao longo dos caminhos existenciais?! 


"Reengenharia consciencial"

Desvinculamo-nos muito facilmente hoje em dia de nossa dimensão amorosa, da compaixão que deveria ser inerente em cada movimento em direção ao Outro, da solidariedade que sempre precisaria nos acompanhar de mãos dadas com aos nossos gestos de perdão. A superação dessa falta em nós passa pela nossa elevação espiritual e psíquica. Salto qualitativo numa espécie de “reengenharia consciencial” plena na visão holística da realidade.

As pessoas de um modo geral querem, a ferro e fogo, rotular e classificar tudo, fragmentar a realidade vivida num verdadeiro tributo á falta interior que possuem. A falta de unicidade e esfericidade em relação ao mundo e às pessoas. Os enfoques da modernidade são sempre reducionistas e organicistas. A lacuna criada nessa premissa abraçaria uma profunda sabedoria (que não se confunde aqui com erudição que, de resto, é sempre uma premissa do ego separador e enganador), autêntico amor e entrelaçamento de valores humanos no chamado “tecido humanista”.

Por vezes (pasmem!), meus escritos postos por aqui neste espaço do “facebook” tão aberto e de paz, sofrem ataques e repressões racionalistas e tecnicistas. Compreendo isso como sendo uma projeção de medo frente a algo inusitado: FALAR E ESCREVER SOBRE O AMOR FRATERNO EM TODOS OS POSSÍVEIS, ACERCA DA PROFUNDIDADE ESPIRITUAL E PSÍQUICA, TORNOU-SE AMEDONTRADOR A MUITAS PESSOAS. O normal hoje em dia é estar na superfície de tudo, na pasteurização e homogeneização do não-sentir, da não-manifestação da sensibilidade.

Poesia, canto, luz, fraternidade, amor autêntico, solidariedade ao próximo, encontro consigo mesmo, reencontro com o Outro, na “Outridade”, presença divina na alma e no coração... Todos estes estados d’alma parecem esquecidos na noite dos tempos. Então que despertemos a aurora disso tudo me nossas vidas na certeza de dias vindouros melhores. Em alegria e paz!